Peter Brötzmann, saxofonista alemão nascido em Remscheid há 67 anos, respira liberdade. A mesma liberdade de há 40 anos, quando gravou as sessões de Machine Gun , em 1968. Acreditando que podia mudar o mundo através do seu enérgico manifesto, e fruto do optimismo reinante dos acontecimentos sociais do Maio de 68, juntou numa cave do bar "Lila Eule", em Bremen, um octeto de músicos de vanguarda que tocariam uma música de impacto sónico tão forte e agressivo que ainda hoje influencia adeptos do "noise" e do free jazz.
Junto há 11 anos, o Chicago Tentet de Brötzmann reúne uma autêntica "dream team" do free jazz. O americano Joe McPhee no trompete e saxofone alto é o único da geração de Brötzmann, sendo os restantes membros seguidores da sua linguagem. Três dos elementos fazem parte do "tour de force" de Vandermark 5: Jeb Bishop no trombone, Kent Kessler no contrabaixo e o próprio Ken Vandermark em clarinete e saxofone tenor. Na bateria estão Michael Zerang e o multi-facetado Paal Nilssen-Love. No saxofone barítono o vendaval sueco Mats Gustafsson. No segundo trombone Johannes Bauer e, por fim, Per Ake Holmlander na tuba.
Junto há 11 anos, o Chicago Tentet de Brötzmann reúne uma autêntica "dream team" do free jazz. O americano Joe McPhee no trompete e saxofone alto é o único da geração de Brötzmann, sendo os restantes membros seguidores da sua linguagem. Três dos elementos fazem parte do "tour de force" de Vandermark 5: Jeb Bishop no trombone, Kent Kessler no contrabaixo e o próprio Ken Vandermark em clarinete e saxofone tenor. Na bateria estão Michael Zerang e o multi-facetado Paal Nilssen-Love. No saxofone barítono o vendaval sueco Mats Gustafsson. No segundo trombone Johannes Bauer e, por fim, Per Ake Holmlander na tuba.
A música extrema que ontem se ouviu na Fundação Gulbenkian pode, à primeira audição, parecer vazia e desnorteada, dada a sua incessante procura. Mas trata-se exactamente do oposto. É preciso muito talento e anos de experiência para chegar a este nível de mútuo entendimento e de complexidade harmónica. A energia anda à solta e os músicos alimentam-se dela estabelecendo um balanço positivo e negativo, como se de electrões e protões falássemos.
Os diálogos que brotam em palco são sempre construtivos e novos, por existir uma rotação permanente do homem que inicia uma frase e de outro(s) que o segue(m). Culminando - quase - sempre numa perseguição em excesso de velocidade, enquanto houver fôlego. Estes músicos dão tudo e mereciam estar nas olimpiadas de Pequim.
Num todo tão bom, é difícil destacar alguém. Mas é sempre surpreendente ouvir um grito humano de 67 anos a tocar com a expressividade e rapidez de Brötzmann, cuja apurada noção de timing incentiva novos desafios sónicos.
Ken Vandermark é tecnicamente um dos mais completos e inventivos saxofonistas da actualidade. Adicionou ambientes quando foi preciso ou ferocidade quando tal faltava. Não menos feroz, Mats Gustafsson, uma espécie de adamastor do barítono, infligia rabanadas roucas a quem se metesse com ele.
Joe McPhee espantou com uma sonoridade limpa, muita rápida e de grande personalidade. Kent Kessler, no contrabaixo, oscilou magistralmente entre um fraseado clássico e ambientes de grande tensão quando utilizava o arco. Longberg-Holm, no violoncelo, acompanhou-o nos vendavais de cordas, com a ajuda de pedais de distorção.
Os dois trombonetistas completam-se muito bem, por terem estilos completamente diferentes. Bauer a pontuar aqui e ali as suas tiradas repetitivas nas alturas certas e Bishop a mostrar-se um músico de recursos inesgotáveis, ora tocando frases lindíssimas, quando os restantes estavam mergulhados no torpor do grito, ora desconstruindo uma melodia, trocando-lhe os tempos.
E que dizer de um assombro chamado Paal Nilssen-Love? Enquanto o outro baterista adicionava pozinhos, Nilssen-Love era uma caixa de ritmos infernal! Em simbiose perfeita com todos os elementos da banda, este jovem baterista norueguês de 33 anos já é desejado por uma miríade de colectivos de free jazz por esse mundo fora... e percebe-se porquê. A dada altura, Vandermark e Brötzmann vão para trás dele e seguem-no! Muitas vezes foi ele o responsável pelos restantes se libertarem do "transe", apimentando as músicas com batidas rock, e descontruindo-as logo de seguida.
O Peter Brötzmann Chicago Tentet serviu na perfeição para hastear a bandeira do Jazz em Agosto. Fim imaculado.
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